domingo, 6 de janeiro de 2013

Sossego compartilhado



Distante de casa, a menina passeava nas proximidades de um sitio arqueológico. Alguns tiravam fotos, outros trabalhavam guiando os turistas e uns poucos estavam lá com ferramentas para escavar e revelar o que a terra escondia. Só ele parecia não fazer nada. Ou melhor, gastava o tempo se dedicando ao que muitos sonham na vida: conseguir relaxar mesmo em meio a agitação. O cãozinho tão pequeno, frágil, se mantinha despreocupado de tal maneira que nem parecia ser possível naquele contexto. A garota logo pensou que ele poderia não estar vivo. Só isso explicaria tanta quietude. Se aproximou bem lentamente, já com pena do animal que não estaria mais vivo. Só que ele estava. 

Respirava com a leveza de um sono de criança que adormeceu bem alimentada, de fralda trocada e depois de ter escutado uma história. O cachorro fazia movimentos tão sutis, que só mesmo quem estivesse a alguns centímetros seria capaz de ver. A orelha balançava subindo e descendo como se ele acenasse discretamente para alguém. Os dedos das patas dianteiras se curvavam com suavidade como se fosse um empenho de quem tenta disfarçar que está sentindo cócegas. Encantada com o comportamento do animal, a menina demorou um pouquinho para se afastar. Só fez isso quando se deu conta de que poderia atrapalhar aquele instante de paz. Ela até gostaria de viver um pouco daquele sossego, mas sem que o cãozinho perdesse nem uma gota de tudo aquilo.     

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