quinta-feira, 24 de julho de 2014

Roupa de domingo


A camisa só poderia ser uma. Lavada a mão, não merece o mesmo destino de tantas outras, da meia suja, da calça desbotada, do pijama verde de ursinho. Tudo vai pra máquina. Ela já ganha sabão neutro, seca à sombra apenas com o carinho do vento. Dá trabalho, mas a menina nem liga. Até gosta. A vestimenta não obteve seus contornos com seda, chiffon, tule ou outros desses tecidos bacanas que dançam nos bailes de formatura, casamentos e aniversários de 15 anos. 

Longe dessa elegância toda, a camisa, ao contrário, deixa a menina com “jeitinho de menino”, daqueles que esfolam o joelho sem medo na infância. Dizem que é feita com material que ajuda a drenar o suor, mas pouco importa. Antes de mais nada, é linda. Roupa de domingo, principalmente, e das quintas e sábados, mesmo sem aparentar um traje dos mais femininos. Larguinha, já beijou o chão inúmeras vezes a cada tombo, falta de jeito da jogadora adversária ou empurrão bem arquitetado. Chega o fim de semana e a menina procura ansiosa por ela no guarda-roupa. Tem pressa de gritar gol e brincar de ser feliz. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Até acertar na mosca


Se o ângulo não estiver certo e a força na medida exata, não há boa vontade que dê jeito. Não pode faltar nada, muito menos fugir um milímetro do lugar. Ai que mora o problema. Tudo parece mais fácil quando o resultado está apenas nas mãos da dedicação. Ou você quer ou não quer. Mas, na maior parte dos casos, a participação dela parece muito pequena. Já combinar as outras coisas depende de muita experiência e de toda a sorte que aparecer: errar muito, ir errando menos, cometer pequenos enganos, leves deslizes até acertar 100%. 

E como é ruim ver que escapou. Pior ainda depois de tantas tentativas. Parece mais uma oportunidade que se foi, única e infinitamente melhor do que todas as que se passaram e as demais que estão por vir. Tudo em um instante. Agora a menina trocou o taco e não exagera mais na quantidade de giz. Enquanto espera o estrago que fará o seu oponente, não sabe se vale a pena arriscar na caçapa da ponta. A ansiedade faz pensar em como agir antes mesmo de chegar a sua vez. Vai que tudo muda? Melhor esperar. E como é ruim. Continua tentando da melhor forma. Isso não é só sobre sinuca.