quinta-feira, 24 de julho de 2014

Roupa de domingo


A camisa só poderia ser uma. Lavada a mão, não merece o mesmo destino de tantas outras, da meia suja, da calça desbotada, do pijama verde de ursinho. Tudo vai pra máquina. Ela já ganha sabão neutro, seca à sombra apenas com o carinho do vento. Dá trabalho, mas a menina nem liga. Até gosta. A vestimenta não obteve seus contornos com seda, chiffon, tule ou outros desses tecidos bacanas que dançam nos bailes de formatura, casamentos e aniversários de 15 anos. 

Longe dessa elegância toda, a camisa, ao contrário, deixa a menina com “jeitinho de menino”, daqueles que esfolam o joelho sem medo na infância. Dizem que é feita com material que ajuda a drenar o suor, mas pouco importa. Antes de mais nada, é linda. Roupa de domingo, principalmente, e das quintas e sábados, mesmo sem aparentar um traje dos mais femininos. Larguinha, já beijou o chão inúmeras vezes a cada tombo, falta de jeito da jogadora adversária ou empurrão bem arquitetado. Chega o fim de semana e a menina procura ansiosa por ela no guarda-roupa. Tem pressa de gritar gol e brincar de ser feliz. 

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