A roupa era branca, mas não era uma roupa qualquer. Um vestido branco escolhido, provado e ajustado durante os meses de espera para o grande dia. Um dia que finalmente chegou e foi aguardado com a ajuda de uma contagem regressiva extremamente rápida e lenta ao mesmo tempo. Na véspera, é que a menina se deu conta do tanto que um ano passou depressa. Ela entrou na igreja igual a uma princesa. Bonita como sempre, usava maquiagem leve porque aquelas sardas que deixam o rosto tão jovem e suave não deveriam ser escondidas. Nos olhos, nada de sombra muito carregada. Na medida certa, sombra, rimel e delineador não poderiam se sobrepor ao olhar brilhante e ligeiramente úmido de quem caminhava para uma vida nova cheia de alegria. Passos que algumas pessoas podem até pensar que sejam um pouco precoces, afinal de contas ela tão novinha já está começando a escrever a história de uma nova família. Mas esse parece ser o tempo certo que foi reservado pra ela começar mais uma fase.
Voltando da lua de mel, ela encontra uma casa nova. Sem as três irmãs pedindo uma roupa emprestada, cantando pelos corredores ou fazendo alguma brincadeira. Quando abre a porta, sente um cheiro de bolo recém saído do forno, mas logo percebe que não é mais uma das receitas da mãe e sim o aroma da cozinha do apartamento de cima. Agora ela vai criar as próprias receitas e esperar a chegada dos filhos para viver novamente as aventuras de uma casa barulhenta. Enquanto esse tempo não chega, a garota que, embora casada, ainda preserva seu jeitinho de menina, segue descobrindo um novo mundo com leves traços do antigo. Segunda-feira ela já reencontra as amigas na faculdade. As leituras, provas, trabalhos e estágio vão se misturando às preocupações de onde ficará aquele vasinho de flores ou qual forro colocar na mesa. Se o vasinho ficará na mesinha de centro ou na estante ainda não dá pra saber. Nem qual forro vai acompanhar o casal no primeiro jantar. A única certeza é que a noivinha será muito feliz.