quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quando a menina encontrou o mar



Era muita areia e muita água. A menina adolescente, pela primeira, estava de frente para o mar, de verdade. Não era como na televisão que ele parece ser retangular e exatamente do tamanho do aparelho que você tem em casa. Também não era como nas fotografias onde ele se mantém belo, porém estático. Ali, os olhos tentavam dar a dimensão das coisas, mas pedindo ajuda a outros sentidos. Olhar indicava que a extensão de água não tinha fim, já que no horizonte, dois azuis, o do céu e o do mar, se encontravam deixando claro que aquilo não era um ponto final para tanta imensidão. Também ficava difícil dizer onde o mar começava porque as ondas brincavam o tempo todo de se aproximar de formas diferentes tentando chegar perto de modo ousado ou tímido. Os pés sentiam a areia fina e macia sempre envolvida carinhosamente pelo calor do sol. E que às vezes se aquecia muito, como numa espécie de acordo entre areia e mar (com patrocínio do sol), para levar a menina mais rapidamente até a água, na tentativa de aliviar o calor. Com a aproximação, a boca sentia o gosto salgado, os ouvidos percebiam o som das ondas misturado a risos de crianças, gritos de pais e mães chamando os filhos para comer e os sininhos do carrinho que vende picolé, cerveja, queijo quente, óculos, canga, água de côco ou qualquer outra coisa que você precisar.

As sensações de frio e calor se misturam rapidamente na menina que já está com o corpo molhado e resolve voltar para deitar e apreciar a vista enquanto se seca. No caminho de menos de 100 metros, ela encontra conchinhas deixadas de presente pela água para enfeitar um cenário que já nem precisa de enfeites, mas aceita a gentileza com gratidão. Depois disso, a garota sente que dentro dela algo parece diferente. Ela se lembra de como estava tímida quando chegou e teve que tirar a blusa e o short para ficar apenas de biquíni diante de tantos desconhecidos (senhoras de biquíni fio dental, senhores com barriguinha de chop e crianças com a pele queimada de sol e baldinho na mão). E como demorou a tomar coragem para fazer isso. Agora a timidez tinha sido constrangida pela beleza da praia e convidada a ir embora.   

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