domingo, 18 de setembro de 2011

Apagando velas


Ela estava voltando para casa. Dessa vez resolveu seguir o caminho, pela rua principal do bairro, a pé. Foi andando e encontrou um portão de garagem meio aberto com uns poucos balões em volta, cada um de uma cor diferente sem muita pretensão de estarem combinando. Aliás, a presença deles ali era mais importante do que o fato de serem uniformes ou em pares de tonalidades. Os passos da menina começaram a se tornar cada vez mais lentos. A curiosidade tomava conta e era preciso saber o que acontecia lá dentro. Ela conseguiu olhar por pouco tempo, para não ser indiscreta demais. Mas foi o suficiente para não esquecer a cena. Atrás daquele portão marrom com as pontas levemente enferrujadas, mais e mais balões. Um pouquinho de cada cor como se cada pessoa que estivesse lá dentro tivesse levado um pacote pequeno para ajudar na decoração. Alguns deles estavam envolta de um retrato, colado bem ao centro da parede. Na foto, uma criança, quase pré-adolescente, vestida com roupa de festa.

Logo abaixo, uma mesa velha que parecia que não suportaria aquele bolo cor de rosa tão grande acompanhado de pequenos docinhos tão juntos lembrando um forro. O barulho, de apenas algumas conversas e nenhuma música, era estranho por se tratar de uma festa, mas as coisas não pareciam menos alegres. Alguns meninos olhavam atentamente para os brigadeiros esperando uma autorização para comer ou provavelmente a distração dos adultos. Todos, em especial as garotas, usavam roupas simples, mas que pareciam novas e escolhidas com cuidado. A aniversariante ainda não estava naquela garagem promovida temporariamente a salão de festas, provavelmente cuidava de cada detalhe, unhas, cabelo e maquiagem, antes de encontrar as pessoas queridas e receber os presentes. Num descuido, a menina que observada tudo da rua foi percebida e ao mesmo tempo confundida com algum convidado desconhecido. O convite para entrar, feito com um aceno, era a indicação para a hora de ir embora. Poderia ter entrado, mas preferiu seguir apenas com aquela lembrança.

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