sábado, 17 de dezembro de 2011

25 de dezembro


Ela passou na porta da loja e não resistiu. Ah que vontade de comprar! Viu um pinheiro de natal de dois metros de altura todo decorado. Parecia um daqueles das casas das Helenas nas novelas do Manoel Carlos. (Aqui não farei a piadinha de que o autor lembra o bom velhinho) Na árvore, as bolinhas todas vermelhas e de vidro como as de antigamente. Nos sinos dourados, bastava encostar bem de leve para escutar aquele barulhinho inconfundível. Os laços de fita e caixinhas decoradas disputavam, gentilmente, espaço com anjinhos, papais noéis e outros enfeites ricos em detalhes. Infelizmente quem não era rica era a menina. O objeto tão desejado não cabia nem no orçamento nem no pequeno apartamento alugado. Voltou para casa com algumas poucas sacolas. Dentro de uma delas, um pinheirinho de 50 cm. Incomparavelmente menor que a animação da garota com decorações para o fim de ano. 

E esse nem foi um problema. Afinal, a árvore foi enfeitada com muito carinho e bom gosto. Ela mesma escolheu onde seria pendurada cada coisa e passou um bom tempo na loja até encontrar cores, texturas e formatos de acordo com seu estilo. Tudo preparado para ela, parecido com ela! Ao final, faltava colocar na ponta a estrela, brilhante e imponente a ponto de pretender transmitir a mesma beleza daquelas que enfeitam o céu. Embaixo da árvore, um presépio quase tão simples quanto a cama improvisada que recebeu aquele menino no dia 25 de muitos anos atrás. E bem do lado a garota colocou umas caixinhas de presente. O perfume que estava precisando, um pijama para substituir aquele que já estava velho demais e uma caixa de bombons. Coisas simples compradas para ela mesma, que seria a única pessoa a passar a noite de natal ali. Os amigos estariam ocupados demais com as famílias. E a família dela, muito longe, não apenas fisicamente. Mesmo sozinha, acendeu velas e preparou uma ceia caprichada. Ali ela entendeu que a história de que é ruim cozinhar para uma pessoa só, é mentira. Ás vezes a gente pode ser mais especial que uma multidão.     

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