domingo, 22 de abril de 2012

A unha quebrou



Ela caiu da escada. Não foi nenhum daqueles tombos que viraram moda nas novelas em que a mocinha vai elegantemente rolando até descer por completo. Mesmo porque a garota caiu apenas do quinto degrau e estava subindo. Nos poucos segundos em que tentou se machucar o mínimo possível, foi ralando o cotovelo, batendo o joelho e cortando a parte de baixo do dedão direito. A unha do pé esquerdo que já estava parcialmente trincada, fruto de um chute acidental no canto do sofá, se partiu de vez. A menina estava protegendo aquela unha com um band-aid há dias, mesmo sabendo que uma hora ela iria se soltar e que isso seria necessário. Provavelmente tudo por medo de como seria ficar sem ela de uma vez e aguentar as consequências de deixar aquele pedacinho da pele desprotegida. Sem poder fazer nada, tratou logo de levantar do chão e perceber que a roupa não era mais branca, e sim marrom com tonalidades de vermelho. 

Ficou aliviada porque ninguém viu o que aconteceu, apenas escutaram o grito e quando as pessoas de casa foram olhar a menina já estava de pé. Pena que deixar algo escondido não faz com que não tenha acontecido. Se levantar imediatamente para escapar da vergonha não impede as cicatrizes nem deixa a roupa menos suja. A unha se soltou sem a menor possibilidade de retornar ao que era, fazendo do tombo na escada o complemento de uma pancada anterior. E já que tudo é uma sequencia, agora vem o momento da espera, a unha cresce, o sangue coagula e a roupa, só jogar na máquina que ela resolve. E como seria elegante se todas as coisas se comportassem como as camisas, calças e vestidos. Era só a lavadora se encarregar de tudo.   

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