segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cinco livros


Eram duas filas dentro da biblioteca. Uma grande e outra pequena. A menina que já estava com pressa para o almoço trazia nos braços um livro para se distrair dentro do ônibus e outro para estudar mesmo. Ela não pensou duas vezes e escolheu aquela fila que parecia a opção obvia para quase todo mundo. Quase todo mundo mesmo. Em questão de segundos, surgiram outros 10 estudantes. Nove deles seguiram para a fila grande. Povo besta, né?! E apenas um resolveu se posicionar atrás da garota para esperar a vez de fazer o empréstimo dos livros e se encontrar, em seguida, com dois parceiros: o salgado e o copo de refrigerante. (Sim, em tempos de prova e horário apertado um lanche vira banquete.) A menina não sabia se a única companhia daquele garoto ao meio dia seria a refeição, mas que ela pensou sobre isso é verdade.

Voltando ao assunto da fila, logo logo a menina entendeu porque a maioria preferiu a que estava maior. A atendente mais rápida era a do outro lado e pra completar o computador que registrava os livros da fila pequena estava dando problemas. Depois de perceber que não tinha sido muito esperta, e mais complicado ainda seria sair de lá, ela resolveu esperar no mesmo lugar. Os pensamentos foram interrompidos por uma voz masculina, a do menino que teve a mesma idéia brilhante que ela. “A fila tá assim só porque a gente veio pra cá, né?!”, ele disse. Ela sorriu e ele também. Depois não disseram mais nada, apenas olharam. Ele carregada três livros. Um de cálculo, outro de programação e um que ela não conseguiu ler a capa. A camisa dizia “Ciência da Computação” e o sorriso contava o quanto ele era tímido. A despedida foi desacompanhada de palavras.    

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