segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando for diferente


Ela sempre falhou em momentos decisivos. Em uma entrevista de emprego resolveu ser bem honesta e acabou escutando o não que não queria. Na hora do pênalti, o goleiro apenas moveu a cabeça para ver a bola passando por cima do travessão. No meio de uma discussão ela deixava alguma coisa parada na garganta para só bem mais tarde perceber como já não fazia sentido dizer nada. Ou então fazia sentido, mas o tempo já tinha se encarregado de forçar a frase a ficar guardada. A garota sempre sofreu como em uma espécie de efeito retardado. Não, ela não é nem nunca foi retardada. Apenas gostava de não demonstrar de imediato aquilo que doía tanto. E como é mágico dar aos outros a sensação de que você é inatingível... Pelo menos ela pensava assim.

E disfarçava com tamanha habilidade e logo todos percebiam uma alegria imensa que não sabiam se tratar de uma grande mentira. O meio mais fácil de tentar enganar a todos. Ninguém sabia como ela estava triste, mas para o bem ou para o mal ela, no fundo no fundo, sabia. Em um belo dia, que tinha tudo para ser belo, e não foi tão belo assim, ela inventou de dizer a uma amiga sobre a indiferença diante de uma situação. As duas acreditaram, mas no momento exato ela percebeu não ser bem assim. O melhor a se fazer era deixar que, pelo menos a amiga, continuasse acreditando que estava tudo certo. De repente, o que a cabeça guardava se transferiu para o restante do corpo em uma sinfonia de sintomas orquestrados como numa doença grave. Mas apesar disso parece que as coisas vão caminhar bem. Um estranho disse a ela que pode ser diferente. Ela resolveu acreditar. Quem sabe ele não esteja certo?             

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