domingo, 15 de janeiro de 2012

Arrumar os seis lados



Ela ganhou um cubo desses de seis cores diferentes, uma em cada face, que você tem que embaralhar e conseguir organizar de novo. O famoso ‘Cubo mágico’. Coisa muito complicada. O objeto sempre foi do interesse dela e mesmo sendo tão barato a garota nunca se mobilizou para fazer a compra. Talvez seja mais uma dessas coisas que a gente quer e esquece que quer com a mesma intensidade. Daí só sente vontade quando vê por perto. E cinco minutos depois já caiu no esquecimento. É como a bolsinha colorida que ela vê na vitrine de uma loja perto do trabalho todos os dias. O dinheiro está na carteira, mas nada de sair de lá para a tal bolsa passar a ser dela. A menina não entende porque ainda não comprou e independente disso o objeto continua no mesmo cantinho, até que a vendedora resolva deixar escondido em uma outra prateleira ou alguém compre. 

Algo parecido com o filme ‘Kung Fu Panda 2’. Ela fez contagem regressiva para que ele chegasse ao cinema. Com o filme em cartaz, passou semanas planejando que iria assistir. Arrumou alguém que queria muito ir também, mas o passeio nunca aconteceu. Voltando à história do cubo, ele entrou na vida da garota de forma meio obrigatória. Ela não fez grande esforço, aliás, não fez esforço nenhum. Não planejou, não pediu a aprovação de ninguém nem definiu quando ele iria chegar. Mas o fato de não ter tido trabalho para a chegada do cubo não diminuiu sua complexidade. As cores continuam lá da mesma maneira só que agora inevitavelmente embaralhadas. E a dificuldade de estabelecer a ordem anterior entre elas é enorme. Por mais que se esforce, apenas um dos lados consegue ser o que era, enquanto os demais ficam ainda mais bagunçados. Sofrido também é saber que existem apenas duas alternativas: se contentar com o único lado que conseguiu arrumar ou ver ele sendo desconstruído quando tenta organizar tudo. Parece que ela já viu esse filme antes...         

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