domingo, 16 de outubro de 2011

Enquanto ele não vem


Depois de tantos sorrisos, risos, gargalhadas, um momento de tensão. A chuva atrasava ainda mais o momento de ir embora, o que era bom já que não encontrava as amigas fazia muito tempo. Mas a hora foi passando e a menina se viu ás 23h10 em um ponto de ônibus deserto, em uma rua deserta, em frente a um hospital estranhamente deserto. Alguém explica como que pode porta de hospital ficar vazia? O máximo que dá é pra estar menos cheia, vamos combinar. E pra completar, chovia. E esse negócio de água caindo do céu a noite deixa um clima meio estranho, quase de filme de terror. Mesmo não tendo quase nenhuma cena de filme de terror gravada na chuva de noite. Para muita gente essa situação poderia ser tranqüila, mas não para ela.  A garota se sentiu confortável quando chegaram dois velhinhos que conversavam enquanto o ônibus não chegava. Afinal de contas, quem desconfiaria de dois velhinhos de camisa pólo que usavam a tradicional combinação de sandália de couro e meia, típica dos homens da terceira idade? Melhor do que isso, só se aparecesse um casal carregando um bebê que acabava de sair do médico. 

Fato é que a garota estava em um momento meio egoísta. Torcendo para que o ônibus dos velhinhos não chegasse, pelo menos não antes do dela, ou que aparecesse um bendito casal com uma criança. Estranhamente traria certa segurança mesmo aquelas pessoas possuindo uma fragilidade ainda maior do que aquela que a garota levava consigo. E a cada momento que um dos senhores fazia algum movimento, o coração disparava, não por medo deles, mas por achar que o ônibus que se aproximava ampliaria, ainda mais, o medo da solidão. De repente, a preocupação passou a ser em ficar acompanhada. Olhava para todos os lados com medo da chegada de alguém: um louco, assaltante, bêbado ou coisa do tipo. O ônibus não chegava e estando sozinha só poderia sofrer as conseqüências da ação do vento frio e das gotas geladas. Já bastava. Olhou para trás e viu um homem se aproximando. Ele logo tratou de dizer boa noite e contar, de maneira frenética, que trabalhava em uma churrascaria e tinha conseguido sair mais cedo do emprego por um problema na churrasqueira. Ela sentiu medo. Nada contra quem ganha a vida assando carne, mas tá difícil achar que hoje em dia um estranho poderia aparecer e puxar papo, na rua às 23h30, apenas para ajudar a passar o tempo. A menina segue a vida sendo desconfiada de tudo. E não tem como ser diferente. Fugiu no primeiro taxi que apareceu.    

2 comentários:

  1. Sempre tenho um momento egoísta nessas situações também. Fico torcendo pra q o meu ônibus chegue primeiro... hahaha então foi uma aventura mesmo! teve que pegar táxi! importante é q chegou bem.

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  2. Passar sustos na vida faz parte. Creio que a menina da história não devia estar muito acostumada com a situação. O novo assusta muito...

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