sexta-feira, 24 de junho de 2011

Garçom aquí nessa mesa de bar


Uma amiga chamou pra sair. A menina de cara quis inventar uma dor de dente, falta de dinheiro ou qualquer uma das estratégias que sempre usou para não sair de casa. Algo extremamente perigoso, pois, muitas vezes implica em conhecer gente nova e estar em um ambiente que não seja nem a própria casa nem o trabalho. Seguindo orientações da terapeuta, resolveu não utilizar o poderoso artifício de criar desculpas e aceitou o convite. Em 3 horas chegaria o momento planejado para sair de casa. Logo começaram as dores de estômago. Ela sabia que tudo aquilo era psicológico então começou a se planejar para tirar o foco da dor. Escolheu o vestido, mudou de idéia umas 10 vezes antes de vestir e mais duas quando já estava com ele no corpo. O ritual com os sapatos foi mais ou menos o mesmo, só que mais rápido. Ela não é dessas mulheres sortudas que tem mais de 12 sapatos à disposição. Arrumou o cabelo, escolheu o perfume e, de repente, se deu conta de que estava se arrumando demais. É que sutilmente foi entrando na cabeça dela a possibilidade de chegar lá no barzinho e conhecer um cara especial. (Sim, apesar de tentar se proteger de tudo e de todos, a menina sempre achava que poderia existir um cara como ela sonhava.) E a dor de estômago virou frio na barriga.

Na hora de sair, foi só entrar no ônibus para começar a chover. A menina tratou de interpretar a água vinda das nuvens como um aviso vindo dos céus de que era melhor ficar em casa. Já não dava pra desistir mais, então seguiu rumo ao destino traçado. Acomodada na mesa junto às amigas, olhava distraidamente para as pessoas no bar e ao mesmo tempo desviando o olhar com medo de que ele se cruzasse com o de alguém. Poderia achar ali um cara bacana. Mas lembrando das experiências anteriores era bem provável que as esperanças a levassem em direção ao babaca que só quer tirar onda com os amigos ou ao típico homem “bonzinho”, que costuma ser um excelente ator. O tempo passa e um cara que ela nem tinha percebido se aproxima da mesa e começa a conversar. Ela pensa de imediato em como fazer com que ele vá embora. Fez isso a vida inteira então tem experiência no assunto. Mas logo desiste por um motivo que nem faz idéia de qual seja. As respostas inicialmente monossilábicas viram frases de três palavras e depois ganham sorrisos de acompanhamento. Ele é legal. Pode ser que se torne um chato mais pra frente ou se torne ainda mais encantador. Como ainda não dá pra saber, o jeito é esperar, observar e não ficar presa às lembranças do filho da P@#$%* que ela conheceu meses atrás. Dizem que quem procura acha. Ela decidiu testar essa teoria. 

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