sexta-feira, 3 de junho de 2011

O telefone tocou novamente...


Lá estava ela trabalhando cansada, cheia de preocupações e com uma cólica daquelas de matar. E pra animar ainda mais a festa, tinha fome e estava deprimida como em toda TPM. Em meio ao falatório dos colegas, gente passando de um lado para o outro e problemas chegando de mãos dadas e aos montes o telefone toca. Ela vai, na medida do possível, correndo para atender. Esperava ansiosamente por uma ligação que não resolveria as dores físicas, mas acalmaria o ambiente no trabalho e mataria, por envenenamento, pelo menos uma preocupação.  Melhor do que nada, né?! Entre o alô e a devolução do telefone para o gancho foram poucos segundos. Irremediavelmente tinha dado errado. Tanto esforço, tantas horas de dedicação, inclusive no almoço e fazendo hora extra, se perderam por causa de uma ligação tão rápida. Tentou buscar uma última alternativa com a única pessoa que talvez pudesse ajudar. E a resposta foi um singelo movimento de ombros acompanhado da frase: “Deixa pra lá.” A menina escutou isso apenas uma vez, mas aquelas palavras ficaram se repetindo de forma incansável na cabeça dela. Pensou em palavrões, se imaginou quebrando computadores, lançando folhas e mais folhas de papel pelo ar e gritando para deixar todo mundo chocado. Afinal, aquelas seriam reações incompatíveis para aquela menininha sempre tranqüila. Resistiu a esses desejos imediatos e apenas respondeu: “Tem razão, deixa pra lá.”. 

Pegou a bolsa, o casaco e saiu de lá sem dizer uma palavra nem se importar com o fato de ainda faltar um bocado pra terminar o expediente. Não sabia aonde ir e nem se importou com isso. Foi andando e pegou um ônibus no qual nunca havia entrado e deu sinal para descer quando sentiu vontade. Acabou chegando dentro de um shopping e sentando para comer uma grande fatia de torta que, é óbvio, tinha de ser de chocolate. O poder terapêutico daquela iguaria foi espantando a tristeza e um pouco da dor. Para recuperar completamente o bem estar, a bota vista em uma vitrine fez a sua parte. Sem se importar com o preço, a menina comprou aquele lindo objeto utilizando o bom e velho argumento: ‘Hoje eu mereço um presente!”. Com a sacola nas mãos e um sorriso enorme no rosto saiu caminhando e decidiu voltar pra casa. Teria que voltar ao trabalho no dia seguinte e encarar os problemas velhos e novos. Mas o fato nem passou pela cabeça dela. Estava feliz demais para deixar qualquer preocupação aparecer.                   

Nenhum comentário:

Postar um comentário