terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Apenas um vestido


Era como se fosse o primeiro. Não se tratava exatamente do primeiro porque uma menina de 20 e poucos anos na certa já usou vários vestidos. Acontece que aquele tinha um sabor especial. Se é que roupa pode ter algum gosto. O que tornava aquele pedaço de pano tão maravilhoso não era o preço. Aliás, custou mais barato do que se possa imaginar. O vestido daquela menina também não era elegante como aqueles alinhados no tapete vermelho antes da entrega do Oscar. Definitivamente não. Nem passou pelas mãos de algum grande estilista.

Foi uma costureira simples de sorriso amável que cortou, juntou e costurou cada pedaço de pano para deixar ele pronto. O que torna esse vestido tão especial é que se trata da materialização de um sonho, literalmente. A menina sonhou com um vestido daquele jeito e não se contentou até desenhar em um papel de rascunho para transformá-lo em realidade. A escolha do tecido demorou tempo já que era preciso encontrar a textura e a cor vistas durante o sono numa madrugada de terça-feira. Na hora de experimentar, a satisfação só não superou aquela sentida durante o primeiro passeio com ele. Ela andava pelas ruas com uma felicidade escancarada e, na certa, quem não sabia da história olhava e pensava: “Coitada! Deve ser doida...”     

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