quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Bicicleta sem rodas

30 minutos de bicicleta. Dependendo da animação a velocidade pode chegar aos 23 quilômetros por hora e nesse tempinho percorrer uns 10 quilômetros com folga. Como aquela moça não queria mesmo ficar mais magra, o quadradinho da ergométrica que marca as calorias gastas só é percebido no final. 360 delas foram mandadas embora. Às vezes mais outras menos. Tá ... ela queria ficar magra sim, mas nem foi por isso que ela começou a pedalar. Pelo menos não só por isso. Do nada, ela também pode brincar de reduzir bastante a velocidade para, em seguida, levar até o limite das forças.  A garota metódica que faz esse mesmo exercício todo dia no mesmo horário parece cansada dessa vez. Não de pedalar, mas de ficar pedalando. Parece que a hora não passa e ficar olhando o cronômetro não adianta em nada.

A menina consegue controlar quase tudo ali: mudar a velocidade, controlar as calorias que se perdem, mas nada muda o jeito do cronômetro. Um segundo por vez ele vai como quer. E sempre quer ir da mesma maneira. Pra passar a ansiedade várias tentativas. Olhar pela janela não parece a mais eficiente delas já que o ritmo da chuva é tão homogêneo como o do relógio. A ausência de música só agrava a situação junto com a preguiça de sair do aparelho por uns instantes para solucionar o problema. E também parar o exercício e começar de novo atrapalharia o ritual. Será que pedalar de olhos fechados ajuda? Basta abrir os olhos depois pra ver que não. Só se passaram 3 míseros minutos. Não é muito útil, mas pelo menos é uma das possibilidades que a ergométrica oferece. Uma bicicleta sem rodas é um meio de transporte que não transporta pra lugar nenhum, mas pelo menos não exige freios e permite parar de ver as coisas ao redor por uns instantes sem ter que abrir os olhos, em seguida, e dar de cara com um muro, uma árvore ou um carrinho de bebê.   

4 comentários:

  1. Um pouco de você. Um pouco daquilo que vê. Estou gostando de ler. Sucesso.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Gostei muito do modo como vc detalhou esta percepção de que o tempo não passa quando estamos em alguma atividade que não nos prende totalmente a atenção. Ficou realmente muito bom!

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  4. Obrigada pelos elogios. É muito bom saber que você gosta dos textos. Realmente se a atividade prendesse a atenção da garota o exercício seria mais prazeroso.

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