terça-feira, 4 de janeiro de 2011

DO TRABALHO PRA CASA

“Ela gosta é de qualquer um que goste dela”. Foi essa a frase. Seguida de risos e gargalhadas. Mais gargalhadas do que risos, na verdade. Uma besteira dita por um menino num grupinho de adolescentes no ponto de ônibus em frente ao shopping. Eles estavam falando, provavelmente, de alguma garota do colégio logo depois de saírem do cinema. Papinho besta mesmo. Mas a moça que tinha acabado de sair do trabalho e ido, sabe Deus porque, pegar ônibus em um local diferente daquele de todos os dias achou que aquilo era pra ela. A moça ficou pensando naquela frase por muito tempo. Até deu uma olhada para ver se reconhecia naqueles garotos os meninos que, há uns 10 anos, eram ao mesmo tempo um desafio para a auto-estima dela e o grupo que guardava entre eles o sonho distante: aquele menino. Bom... de fato a frase insistia em não ir embora. Ficava ali na cabeça se misturando com a preocupação pelo dia de trabalho difícil e junto do medo de que a chuva estragasse a chapinha feita no dia anterior. Estava entre os pensamentos porque teoricamente não tinha nada de tão assombroso como parecia entre os garotos espinhentos. Naquela altura da vida, não tão alta assim, já dava pra entender que o que complica mesmo é gostar de quem não gosta ou não gostar de quem gosta. E é claro ficar na chuva esperando um ônibus que não chega nunca. Mais uma coisa nessa vida que não chega nunca.

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